terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Obama, Bíblia, Religião, Psicanálise



Existem coisas que suscitam divergências no mundo todo, coisas capazes de provocar guerras, separações e que muitas vezes vai de encontro aos seus fundamentos. Podemos dizer que a religião, ou melhor, a diferença delas é algo que provoca acirradas controvérsias nos mais longínquos cantões da Terra. Ainda hoje enquanto Obama toma posse da presidência dos EUA fazendo um juramento solene sobre a bíblia, judeus e muçulmanos se atracam ferozmente na chamada Faixa de Gaza no Oriente Médio.

Freud era judeu e graças a isto quase padeceu durante a segunda grande guerra perseguido pelos arianos alemães que eram cristãos. Sua família, infelizmente, não teve a mesma sorte. Mesmo assim, Freud jamais defendeu a sua ou qualquer outra religião durante em vida, pelo contrário, deixou claras críticas à todas elas.

Nos dias de hoje, notamos que quanto mais civilizado é o país, menos a população se prende a dogmas ou doutrinas religiosas. Por isto é de se crer que, apesar do juramento, Obama não acredita tão profundamente em boa parte do livro sobre o qual pousou sua mão neste dia de sua posse. Mas este gesto é apenas simbólico num mundo em que as religiões vem cada vez mais superando as doutrinas e exércitos, definindo lideranças políticas e conquistas territoriais.

A Psicanálise voltada para as religiões é a mesma relacionada à formação de grupos. Ao fazer parte de um grupo ou religião, o sujeito se abstrai de seu superego, seus limites e princípios para incorporar um conceito ou superego comum. Isto é bom para aquela pessoa cujo aparelho psíquico é menos estruturado, pois ao fazer parte de algo que acredita ser superior a si próprio como um grupo, religião ou seita, ela se sente fortificada para enfrentar as adversidades que por ventura lhe apareçam e com maior coragem.

Atualmente nos grandes centros urbanos, além da religião, podemos citar como exemplos de grupos o Rotary e Lions Club. Há também os clubes secretos como a maçonaria e outros até exclusivos como as sociedades psicanalíticas. Há dezenas de outros grupos menores e podemos dizer que comum a todos é a participação voluntária. Portanto, se o indivíduo quiser fazer parte de qualquer deles, primeiro ele deve concordar com as regras impostas e depois se abster de seus princípios para adquirir um princípio comum, ou seja, espontaneamente joga seu superego para escanteio para depois incorporar o superego do grupo o qual deseja fazer parte, não necessariamente nesta ordem.

Deve ser muito bom isso, pois os grupos cada vez mais se multiplicam e não restam dúvidas que faz bem ao cidadão que se revigora e fortalece ao acreditar estar fazendo parte de algo que acredita ser bom. Entretanto do ponto de vista psicanalítico isto representa um retrocesso psíquico equiparando este sujeito aos povos primitivos que, desprovidos de conhecimentos científicos, se reuniam para enfrentar os perigos misteriosos.

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