domingo, 19 de julho de 2009

A Psicanálise está ultrapassada?



Ultimamente não tenho contemplado episódios interessantes que merecessem alguma menção ou mesmo um post específico aqui neste blog. Casos de corrupção na nossa política ou morte de celebridades é uma constante e não faltará oportunidades para tecermos considerações sobre este assunto. Convém lembrar que há pouco tempo morreu, de forma misteriosa, um grande artista da música pop mundial, Michael Jackson. Digo que sempre admirei seu talento desde o começo de sua carreira. Porém sua vida pessoal, assim como sua morte, foi cercada de mistérios, o que nos impede de fazer qualquer comentário sobre o ídolo.

Sem nada melhor para fazer, então iremos analisar se o questionamento que dá título a este texto está correto ou não. Estando todos nós em um mundo globalizado, informatizado, plugado e transformado em relação ao século XIX e meados do século XX, estaria a teoria psicanalítica desenvolvida por Freud obsoleta? Ela precisa evoluir?

Muitos detratores da Psicanálise costumam citar este título dizendo que o mundo mudou mas a Psicanálise continua a mesma. Apesar desta doutrina ter sido pouco aperfeiçoada por seguidores de Freud, podemos considerar que ela jamais sofreu influências da tecnologia, do progresso ou da cultura em quaisquer hipóteses teóricas formuladas. Em toda literatura psicanalítica que passou em minhas mãos, não consigo lembrar de ter lido algo sobre algum objeto criado pelo homem ou aparelho tecnológico. Lembro-me apenas da guerra, que de certa forma é um sub-produto da "evolução" humana, algo capaz de abalar o aparelho psíquico do ser já formado. Outros objetos manufaturados presentes na guerra, como avião, tanque ou metralhadora não foram sequer citados em algum escrito psicanalítico.

Daí concluímos que a Psicanálise é uma ciência absolutamente centrada no homem e não nas coisas que o circundam, ou seja, o ambiente, o progresso ou evolução tecnológica não exercem qualquer influência no crescimento do indivíduo. A guerra, no caso acima, só é mencionada nos livros para nos trazer exemplos de patologias existentes em indivíduos cujos aparelhos psíquicos se mostraram deficientes, regredindo em algum momento de suas vidas tendo ela como causa.

Porém o principal motivo pela qual a Psicanálise encontra-se mais atualizada que nunca é o fato dela tratar da formação do sujeito em seus primórdios, ou seja, trata de seu nascimento, narcisismo, da formação de seu ego, superego passando pelo Complexo de Édipo. Estes acontecimentos fundamentais na vida de qualquer um, praticamente ocorrem nos primeiros anos de vida quando ainda não possuímos noção da modernidade, da evolução da tecnologia ou dos objetos que nos cercam. Dessa forma, mesmo para os povos primitivos da Polinésia a formação do sujeito ocorre de forma semelhante à nossa, ou seja, dependem de uma mãe e de um pai ou alguém que o representa e não do mundo exterior. Daí a Psicanálise ser uma ciência universal aplicável a todos os indivíduos, independente de idioma, continente, ambiente ou nível de desenvolvimento do país.

Logicamente que após nosso crescimento e vencidas as diversas etapas psicanalíticas que promovem a formação de nosso aparelho psíquico, ficamos vulneráveis às influências externas e aos modernos equipamentos que tornam nosso dia a dia mais produtivo. Nossas relações pessoais, cultura, internet e os meios de comunicação certamente irão nos inundar com informações de toda sorte, algumas até questionando a validade ou obsolescência da teoria criada por Freud. Porém nossas conclusões ou decisões serão bastante influenciadas pelos primeiros anos de nossas vidas, mesmo para aqueles que não coadunam com os princípios da Psicanálise.