quarta-feira, 30 de março de 2011

O livre arbítrio e a Psicanálise



Na última semana em meus passeios pela internet, avistei uma notícia interessante. O título era A ciência e a filosofia do livre arbítrio. Confesso que não me aprofundei no texto como deveria, pois desanimei ao ver seu tamanho. Neste mundo contemporâneo em que me encontro, baseado na rapidez, no Twitter ou Orkut, ler algo maior que uma página só por obrigação ou para subsidiar alguma tese de mestrado. Ou então quando tiver tempo sobrando, como foi o caso.

Exageros à parte, achei a matéria extraída do New York Times um tanto confusa além de complexa, já que em sua conclusão não entendi se existia ou não o livre arbítrio. Foram abordados pontos de vista neuro-psicológicos sobre o tema haja vista a existência de pesquisas nas áreas da neurociência e da psicologia. Os aspectos inibidores do livre arbítrio não foram considerados por trata-se de fatores externos ao indivíduo, como regimes políticos entre outros, pois afinal ninguém tem culpa de não viver em país democrático. Ao mesmo tempo, vários conceitos filosóficos foram colocados em pauta, apesar de não conhecer muito bem o trabalho dos filósofos citados na matéria em questão.

Pelo fato de ter sido escrito nos EUA, o texto ignorou solenemente filósofos e psicólogos conhecidos mundialmente, restringindo-se à opiniões de renomados profissionais oriundos da terra do Tio Sam. Não posso negar que admiro bastante a ciência, tecnologia e, principalmente, a importância creditada à educação daquele país, mas decepciono-me com o hermetismo de sua cultura geral que muitas vezes se demonstra incapaz de enxergar um pouco além de suas próprias fronteiras. Apesar de viverem na maior potência da terra, os cidadãos comuns americanos costumam ser ridicularizados mundo afora por desconhecerem completamente, não só a geografia, como também a cultura e civilização alheia. Nosso sistema métrico não existe por lá, o número do sapato ou roupa é diferente do daqui, o baseball ou futebol americano são verdadeiras paixões e quem inventou o avião foram os irmãos Wright, pois até os dias de hoje parecem não ter ciência do nascimento de Santos Dumont.

Entretanto, minha admiração por aquele país não diminui por causa desses detalhes, mas num artigo versando sobre filosofia, psicologia e livre arbítrio em que não se fala de Descartes, Freud e inconsciente, sinceramente, não posso considerar o texto relevante mesmo ele tendo sido publicado no New York Times.

No século XVII, Descartes, através de seu singelo Discurso do Método, fez história e revolucionou a Filosofia resgatando esta ciência do obscurantismo ao qual se encontrava desde a idade média. Escrevia de forma simples e suas escritas eram tão lógicas que qualquer cidadão de bom senso poderia lê-las e, melhor, entendê-las. A partir de então a lógica e a razão foram os princípios filosóficos dominantes por séculos e qualquer sujeito que se utilizasse deste racionalismo cartesiano seria capaz de fazer qualquer coisa. Por analogia, imaginamos o livre arbítrio como sendo a vontade do sujeito racional de Descartes, basta querer para se fazer.

Muitos de nós tem virtudes, porém os defeitos são persistentes por mais força que façamos para elimina-los. Se fosse fácil acabar com os defeitos da gente, se apenas a razão reinasse em nossas mentes e tivéssemos muita vontade, não precisaríamos de milhares de dietas diferentes para emagrecimento, bastariam um ou dois métodos para deixar de fumar ou ingerir bebidas alcoólicas e até mesmo algumas poucas receitas para desistir definitivamente do uso de drogas seriam suficientes. Isso sem falar no grande esforço realizado por pessoas acima de quaisquer suspeitas em abandonar constrangedoras manias que, se divulgadas, seriam consideradas bizarras pelos seres humanos ditos normais. Mudar a nós mesmos parece ser mais difícil do que a vã filosofia apregoa, mesmo quando não há impedimentos aparentes.

Este fato confirma a perigosa teoria Freudiana de que o homem não é movido pela razão ou própria vontade, mas sim por seu inconsciente. Ele é movido por uma força aparentemente adormecida, mas que na verdade está próxima da ebulição. E sendo o inconsciente moldado durante a infância de todos nós, podemos dizer que o homem é um ser pré-determinado onde seus atos ou palavras são dependentes de sua evolução psíquica e não resultante de sua cultura, aprendizado ou pretensa vontade. Ou seja, para Freud, o homem racional de Descartes foi sepultado.

Portanto, para a Psicanálise, o livre arbítrio não passa de mera ilusão.

terça-feira, 22 de março de 2011

A cura do homossexualismo



Muitos acontecimentos interessantes ocorreram no mundo enquanto este blog manteve-se estático. Houve o terremoto no Japão, a visita do Obama, mas agora irei escrever sobre algo que li recentemente em alguns sites da internet. Um aplicativo para iPad ou iPhone disponibilizado pela Apple, destinado a curar o homossexualismo vem causando muita polêmica. O simples aparecimento do software suscitou calorosos debates em diversos fórums pelo mundo, sendo a imensa maioria contra o curioso método. Mas será que existe mesmo cura para isto?

Já ouvi centenas de teorias acerca do surgimento da homossexualidade. Boa parte delas credita à genética seu aparecimento. Outra parte diz que sua origem é comportamental ou cultural e, até então, praticamente nenhuma corrente afirma haver reversão pare este quadro, ou seja, garantem existir ex-fumante, ex-alcoólatra, ex-drogado, mas não existe um ex-homossexual. Para não dizer que nunca ouvi falar sobre isso, lembro-me de ter assistido na TV num programa de um pastor da igreja universal do bispo macêdo em altas horas da madrugada, o testemunho de um ex-homossexual que se dizia curado desta sua doença. Após frequentar os cultos e orar com bastante afinco, de repentemente enxergou-se um sujeito normal voltando a ser heterossexual, como Deus bem sempre quis.

Sinceramente não saberia dizer onde Deus entra nesta história da homossexualidade, até porque praticamente não existe referência no Evangelho ou Antigo Testamento sobre este tema. Jesus apenas disse: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei", uma frase bastante genérica que destina-se a todos incluindo aí os homossexuais. O Antigo Testamento versa sobre a destruição de duas famosas cidades, Sodoma e Gomorra. É provável que seja a citação mais explícita sobre sexo genital encontrado naquele livro, mas a condenação às cidades não era propriamente devida ao homossexualismo, mas sim ao excesso de luxúria de seus habitantes independente de suas orientações sexuais.

Veio-me à cabeça esta passagem porque no último domingo assisti na TV a um filme divertido cujo nome, traduzido, era "Ano Um". A história iniciava no tempo das cavernas e contava a saga de uma dupla de trapalhões que foi expulsa de sua tribo porque um deles comeu um fruto proibido da árvore sagrada. No exílio durante a peregrinação, tornaram-se co-adjuvantes de algumas das histórias do Gênesis, presenciando o assassinato de Caim por seu irmão Abel até chegar às orgias de Sodoma.

Quanto à homossexualidade e suas ligações com a Psicanálise, sinceramente, de longe as singelas explicações lançadas por Freud em seu livro "Três ensaios sobre a Teoria da Sexualidade" são as mais plausíveis das quais me deparei até os dias de hoje. Este livro é considerado um dos mais importantes escritos por Freud tendo sido publicado antes mesmo de lançadas algumas das bases de sua ciência, portanto cabe aos leitores fazer a correlação com a teoria psicanalítica formulada posteriormente. É importante salientar que o texto visa trazer entendimentos sobre a formação sexual do indivíduo em situações corriqueiras do dia a dia excluindo-se aí os casos extremos.

Segundo o livro, o Complexo de Édipo é determinante para a escolha definitiva da sexualidade, principamente a masculina. Na resolução ou encerramento deste complexo, é fundamental que haja uma interdição paterna, ou seja, o pai ou sua representação simbólica, deve frear o intenso interesse do filho em disputar com ele os carinhos e atenção da mãe, sua mulher. Essa interdição quando ocorre, gera no menino o denominado complexo de castração pelo fato dele ter medo de perder seu pênis na disputa pelo amor de sua mãe. Isto faz o menino deixar de ser um competidor para transformar-se em aliado do pai, admirando-o e querendo ser exato como ele é. É o tal negócio, se não pode com ele, junte-se a ele. Quando vemos o filho usando a mesma camisa do time de futebol do pai e o achando o melhor homem do mundo, podemos dizer que já houve a resolução do Complexo de Édipo para este garoto e sua sexualidade já está definida tornando-se heterossexual após período de latência.

Pode ocorrer, porém, que na relação Pai x Mãe, a personalidade da mãe seja mais ativa e dominante tendo o pai uma personalidade fraca ou ausente, estando no polo passivo da relação. Neste caso o pai ou alguém que o representa, seria incapaz de frear o interesse do menino em obter o amor de sua mãe. A criança cresce admirando sua progenitora, passando a ser igual à ela. Num futuro, por questões de tabú para evitar tornar-se tal qual o Édipo que teve relações com sua própria mãe, a criança transforma-se em homossexual.

Nesses dois parágrafos anteriores está um resumo bastante simplificado do desenvolvimento sexual masculino. A formação da sexualidade feminina, apesar de também depender do Complexo de Édipo, é bastante diversa dos casos contados acima. Conforme perceberam, não há influências da genética e nem do comportamento, mas sim do pai e mãe. Porém é importante aprofundar-se na Psicanálise para compreender melhor estas teorias, pois ao ouvi-las pela primeira vez dificilmente concordaremos com ela. Na realidade, para Freud nunca existiu o conceito de heterossexualidade ou homossexualidade mas sim de atividade ou passividade sexual. Neste quesito, ele encontrava-se há muitos anos na nossa frente quando o assunto era sexualidade.

Agora busquemos em nossas lembranças casos conhecidos de amigos homossexuais, verificar sua formação e família para constatar se eles se enquadram ou não nesta teoria descrita acima. Em síntese, o homossexual possui uma mãe com personalidade mais forte que o pai ou um pai ausente. Pesquisemos então apenas por curiosidade, pois não fará a menor diferença.

Quanto ao aplicativo para curar homossexuais, ahh... nada demais. Se fosse pago deveriam devolver o dinheiro, pois certamente não iria funcionar.