sábado, 4 de setembro de 2010

A Origem da Esquizofrenia



Dentre as doenças mentais, a esquizofrenia é a mais clássica. Conhecida há centenas de anos constando até das narrativas bíblicas, esta doença conseguiu atingir grandes mestres da arte, da ciência, da literatura e, infelizmente, ditadores e alguns líderes políticos da humanidade.

A ciência médica vem pesquisando este transtorno há bastante tempo, logicamente buscando encontrar nos genes, no DNA ou em qualquer outro componente orgânico, a sua origem. Até o momento há apenas especulações assim como também há em todas os demais transtornos ditos psiquiátricos, impondo tratamentos baseados na administração de calmantes ou outras drogas dopantes da mente do pobre coitado do doente. Sem querer desmerecer os achados e avanços científicos, digo apenas que mais uma vez a medicina não encontrará as causas deste mal dentro dos laboratórios ou hospitais.

A esquizofrenia é tipicamente um mal ocasionado pela cultura e forma de vida. Geralmente predomina em países capitalistas cuja competição entre os membros da sociedade se fazem presentes, o que vem de encontro com informações postadas anteriormente onde mencionei que a Psicanálise independia da cultura. Tentemos então entender como se dá esta influência.

Antes, ao caracterizarmos este transtorno, precisamos dizer que há vários níveis de esquizofrenia, alguns dos quais imperceptíveis ao olhar desatento. Porém, basicamente, apresentam sintomas comuns como um  egocentrismo caracterizado pelo total desprezo aos problemas alheios muitas vezes denotado por puro desinteresse e silêncio. Paranóia aparece nos casos mais adiantados, onde há uma completa mania de perseguição. Outro sintoma clássico é a teoria da conspiração, ou seja, existe a elocubração e crença de planos mirabolantes com um único objetivo de prejudicar a ele ou uma categoria a qual simpatiza. Existe também plena literalidade do sujeito, onde este na maioria das vezes se demonstra incapaz de compreender metáforas, indiretas, seguindo ordens ao pé da letra. Porém o sintoma mais evidente e esteriotipante é a presença de alucinações visuais e, principalmente, auditivas. Estas últimas alucinações ou vozes do além, de um modo geral, denigrem e menosprezam àquele que as ouve.

Finalmente entrando no campo psicanalítico, podemos dizer que esta voz nada mais é que a voz de seu pai, internalizada durante os primeiros anos de sua vida que ressurgem desta forma a partir da adolescência ou início da fase adulta. Portanto, mais que uma mãe, o esquizofrênico possui sim um pai esquizofrenizante e uma mãe quase omissa, pois é incapaz de barrar e exagerada exigência paterna.

O aspecto cultural está presente no espírito competitivo do pai em possuir um filho, geralmente o primogênito, superior às demais crianças desde tenra idade. Apesar da melhor das intenções, a forma precipitada de despertar a capacidade do filho, cujo aparelho psíquico encontra-se em elaboração, pode não ser a melhor das estratégias e nem se dar na forma adequada. Portanto, este filho não estando ainda resistente aos apêlos ou reclamações, interpreta o menor dos incentivos dito de uma forma menos delicada como um insulto ou reprovação. Exato o que virá a escutar em seu futuro, na forma de vozes temebrosas em sua cabeça.

Quando na vida do esquizofrênico não há evidências de seu transtorno, o aparecimento da doença ocorre, geralmente, após trauma sofrido, fator este desencadeante de seu mal. A partir de então, os sintomas tornam-se claros ocorrendo também, neste momento, a regressão psíquica. O retorno psíquico vai até os momentos mais agradáveis de sua vida, que no caso do esquizofrênico se dava antes de seu relacionamento com o exigente pai. Desta forma ele volta aos níveis primários de seu desenvolvimento, onde ainda era tratado como bebê. E é exatamente como ele passa a ser criado depois de adulto, como alguém que necessita de cuidados muito básicos, tendo suas vontades e extravagâncias toleradas por todos ao redor, exatamente como uma pequena criança, totalmente irresponsável.

Há muitos esquizofrênicos bem sucedidos em suas empreitadas. O cinema nos revela inúmeros casos de genialidade, seja na música (Shine) ou na matemática, filmes que geralmente envolvem superação e, sistematicamente, a presença de um pai bastante atuante em detrimento da omissão materna. Talvez seja coincidência, talvez apenas teoria. O fato é que nenhuma criança esta pronta para ser uma vencedora até o momento em que ela saiba o que é vencer e, principalmente, saiba que a derrota nada mais é que consequência de uma disputa. Nos Estados Unidos há um termo comum e humilhante para denominarmos um perdedor, que é looser. Entre mortos e feridos todos sobrevivem, por este motivo, mesmo um looser pode vir a se tornar um winner. Aliás, melhor ser um looser que um crazy.

Um comentário:

kaililahvale disse...
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